Meda

Quem não deu umas boas risadas assistindo o quadro Meda, do programa Pânico na TV? Acredito que até Guy Debord, aonde ele estiver, dá umas boas risadas e entra, literalmente, em pânico ao constatar o que havia escrito se tornar algo ainda maior... Tornara-se um evento em Campos de Jordão aonde algumas celebridades se reuniram para realizar uma competição de cachorros, onde pets têm status de estrela, roupas de marca, “personal cleaner”...

Campos de Jordão

“A fase atual, em que a vida social está totalmente tomada pelos resultados acumulados da economia, leva a um deslizamento generalizado do ter para o aparecer, do qual todo “ter” efetivo deve extrair seu prestígio imediato e sua função última. Ao mesmo tempo, toda realidade individual torna-se social, diretamente dependente da força social, moldada por ela. Só lhe é permitido aparecer naquilo que ela não é.”

A Sociedade do Espetáculo – Guy Debord

Além de dar risada de toda futilidade escancarada pelo apresentador Cristian Pior e Sabrina Chato, nós também damos risada porque nos identificamos com algumas situações. Quem nunca comprou um objetivo pirata, de qualidade muito duvidosa, só para falar: “Olha, meu novo tênis Nike?” ou “Menina, essa minha bolsa Cristian Dior é tão grande, parece uma mala de viagem!”.

Meda – Especial Natal na 25 de Março – Parte 1


Outro fato, que nos faz apelar aos produtos piratas é que as mercadorias, por mais qualidade que possuem, se tornam descartáveis com o tempo. Por que vou gastar R$200,00 em um tênis Nike, se daqui a 3 meses ele já estará velho? Então, é melhor comprar um de R$50,00, vai causar a mesma sensação entre as meninas! Daqui 3 meses, eu uso este pra jogar bola e compro um mais recente, um mais na moda.

Além disso, esqueço que estou em um programa de televisão, levo o tênis para casa e não dou nenhuma satisfação, sem me importar que estarei aparecendo em rede nacional com uma pessoa que “deu uma Elza” na equipe do Pânico!

Meda – Especial Natal na 25 de Março – Parte 2


É interessante ver que acabamos realmente valorizando mais o ter, o aparecer, do que o produto em si! Da mesma forma que há uma super valorização do produto – é um absurdo uma calça jeans da moda custa R$2.000,00 – também há uma banalização – depois que a moda passou ela fica em uma liquidação em ponta de estoque por R$70,00.

Além disso, as pessoas passam a ter qualidades com marca registrada... Fulana veste Ciclano, Beltrano e calça Alexandre Pires! Não interessa se o individuo é inteligente, anoréxico, rico, dá calote, tem caráter, abusa de menores, compra drogas no morro, atropela inocentes... O importante é que ele é julgado e elogiado pelas marcar que veste!

Acho que Debord teria um infarto se fosse no SPFW!

Pânico no SPFW


Só que nem sempre o sistema gira a favor do “capitalismo honesto”, essa valorização da imagem, do ter, do aparecer faz com que exista a pirataria, faz com bolsas sejam fabricadas em condições subumanas por crianças e adultos praticamente escravizados. Da mesma forma que o sistema ganha milhões incentivando cada vez mais o ter para aparecer, para viver; ele também perde milhões com o próprio veneno!

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